Cara a Cara — por Roberto Nogueira
Nos últimos meses, tenho observado acontecimentos que revelam um país caminhando rumo a um desequilíbrio moral e social que jamais imaginamos alcançar. A cada dia, algo parece se romper — seja no comportamento das pessoas, nos valores que deveriam nos orientar ou no senso coletivo de responsabilidade.
Vivemos um tempo em que o certo e o errado parecem ter trocado de lugar. O que antes era motivo de vergonha hoje é celebrado, enquanto atitudes corretas e honestas são encaradas como ingenuidade. Há uma degradação contínua de valores éticos e uma perda de referências que afetam diretamente o caráter da sociedade.
Ainda não sabemos quais serão as consequências dessa erosão moral, mas já é possível identificar o avanço da intolerância, da falta de empatia e do desrespeito. Caminhamos para um cenário em que o bem corre o risco de ser ridicularizado, enquanto a malandragem, o oportunismo e a desonestidade ganham espaço e reconhecimento. Quando os maus têm mais voz do que os bons, toda a sociedade adoece.
Soma-se a isso um empobrecimento cultural alarmante. Em meio à polarização, parte da imprensa deixou de informar para opinar, conduzindo narrativas conforme interesses próprios e contribuindo para o caos da percepção coletiva. Enquanto isso, a sociedade parece anestesiada: a dor do próximo se banaliza, a injustiça se normaliza, e muitos seguem como se nada disso tivesse impacto real.
É urgente repensar conceitos e enfrentar aquilo que temos aceitado de forma passiva. Não podemos continuar coniventes com o que não acreditamos, nem perpetuar divisões artificiais entre “ricos e pobres”, “patrões e funcionários” ou “nós contra eles”. Caráter não se mede pelo bolso, mas pelas atitudes diante da vida.
Vivemos tempos sombrios, e o maior risco é justamente nos acostumarmos ao caos. Eu, particularmente, continuo acreditando em Deus, na família e na integridade. Não abro mão desses pilares. Sou responsável pelos meus atos e pelas minhas escolhas — e é isso que me permite colocar a cabeça no travesseiro e dormir em paz.
É preciso levantar a cabeça, agir com responsabilidade e se posicionar contra injustiças — não para agradar ninguém, mas para preservar a própria consciência. É assim que sigo: buscando coerência com o que acredito e caminhando com a firmeza de quem sabe que a vida cobra, cedo ou tarde, por aquilo que toleramos.
Nosso maior desafio não está nos outros, mas em defender o que acreditamos, manter a consciência tranquila e lutar contra as injustiças que têm assolado tantas pessoas. Todos os dias somos obrigados a fazer escolhas, distinguir entre o bem e o mal e seguir pelo caminho que nos mantém em paz com nós mesmos. É isso que define quem somos hoje — e quem seremos amanhã.
Não podemos continuar sendo massa de manobra nas mãos de quem nada oferece em termos de valores éticos e morais. A decisão sobre quem queremos ser é sempre nossa — e de mais ninguém
