
Nos últimos anos, o grupo JBS, mais conhecido pela marca Friboi, tem sido acusado de monopolizar o mercado da carne devido ao seu domínio sobre a economia do setor. A crítica parte da Abrafrigo (Associação Brasileira de Frigoríficos), que alega que a JBS busca eliminar a concorrência ao impor suas próprias regras ao mercado.
A expansão da empresa ocorreu principalmente por meio de aquisições financiadas pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Durante os governos do PT, mais de R$ 8 bilhões de dinheiro público foram investidos no grupo. Esse aporte bilionário do banco estatal permitiu à JBS adquirir novas ações e plantas frigoríficas, consolidando-se como líder absoluta no setor e reduzindo a concorrência.
Com o controle de diversos frigoríficos, a empresa expandiu sua capacidade industrial pelo país. Hoje, a JBS dita políticas de preços, pressionando o mercado com valores abaixo dos custos elevados da produção agropecuária. Como consequência, pequenos frigoríficos têm encerrado suas atividades por não conseguirem competir, aumentando ainda mais a concentração do setor.
Segundo reportagem do jornalista Diego Casagrande, a JBS recebeu mais de R$ 10 bilhões do BNDES sem garantias efetivas durante o segundo mandato do governo Lula (PT). A empresa também foi beneficiada pela gestão de sua sucessora, Dilma Rousseff, por meio da Medida Provisória 656/2014, assinada sem amplo conhecimento público. Essa MP poderia ter prejudicado ainda mais os pequenos frigoríficos, facilitando o caminho para o monopólio da JBS-Friboi.
Na época, Casagrande denunciou em seu blog que nem mesmo o Ministério da Agricultura foi consultado sobre a MP, tampouco a Abrafrigo ou outros órgãos do setor. O jornalista sugeriu que poucas pessoas estavam cientes da medida e insinuou que interesses específicos poderiam estar por trás da decisão.
A MP foi barrada graças à ação do então deputado federal Ronaldo Caiado (GO), que, em dezembro de 2014, conseguiu retirar do texto duas emendas conhecidas como “Emenda Friboi”. Essas alterações pretendiam impedir que estados e municípios fiscalizassem os frigoríficos e permitiriam a desapropriação imediata de terras sem decisão judicial, o que violaria princípios constitucionais.
Outro ponto controverso envolvendo a JBS foi sua influência nas eleições de 2014. A empresa foi a maior doadora da campanha eleitoral daquele ano, contribuindo com mais de R$ 50 milhões para diversos partidos e candidatos, incluindo muitos deputados defensores do agronegócio.
Na época, o ex-secretário Nacional de Justiça do governo Lula, Romeu Tuma Júnior, afirmou em suas redes sociais que a JBS-Friboi operava a “maior lavanderia da história da América Latina”, levantando suspeitas sobre a origem e o destino dos recursos movimentados pelo grupo.
Agora, a JBS volta ao centro das discussões, supostamente buscando expandir ainda mais seu domínio no mercado. De acordo com novas denúncias, a empresa estaria pressionando pela regulamentação de um prazo de validade obrigatório para ovos, medida que pode impactar negativamente pequenos produtores rurais. Segundo informações, essa ação estaria sendo articulada com o aval do governo federal, com o objetivo exclusivo de beneficiar a JBS ao dificultar a concorrência no setor de ovos no Brasil.
Diante dessas acusações, setores do agronegócio e pequenos produtores pedem uma resposta urgente do Ministério Público e dos órgãos de controle. A preocupação é que essa nova regulamentação prejudique ainda mais os pequenos agricultores e fortaleça o domínio da JBS sobre o mercado.
Para diversos analistas ouvidos por nossa reportagem, se essa estratégia não for ilegal, certamente é imoral. Muitos lamentam que uma empresa de grande porte ainda recorra a subterfúgios para aumentar seus lucros à custa dos pequenos produtores.