
Moradores de Trancoso têm reclamado da instalação de cercas na estrada de chão que liga o distrito ao Arraial d’Ajuda. Segundo levantamento feito pela reportagem, proprietários de terrenos após a entrada da Praia dos Nativos vêm realizando a manutenção e substituição de cercas antigas por novas.
O problema, de acordo com moradores e pessoas que trafegam pelo local, é que há dúvidas se essas cercas estão sendo colocadas na metragem correta. A legislação exige um recuo mínimo de 1,50 metro em relação aos postes de iluminação, justamente para garantir a passagem de pedestres sem que seja necessário caminhar pela estrada. Como a via também é utilizada por veículos pesados, a ausência desse espaço coloca em risco a segurança dos transeuntes.
Outro ponto de preocupação é que a instalação irregular das cercas dificulta a futura construção de calçadas por parte do poder público. Para muitos moradores ouvidos pela reportagem, causa indignação o fato de grandes terrenos estarem sendo cercados tão próximos à via, sem necessidade. Eles ressaltam que Trancoso já sofre com a falta de infraestrutura e planejamento urbano e que, por ser um destino turístico tradicional, deveria pensar no futuro de forma mais organizada.
Um vídeo que circula nas redes sociais mostra terrenos às margens da estrada sendo cercados por empresários donos de casas de alto padrão, o que estaria restringindo o acesso público. Vale lembrar que, na alta temporada, a estrada já enfrenta congestionamentos devido ao excesso de veículos, e qualquer estreitamento da via tende a agravar o trânsito.
Segundo relatos da comunidade, o problema não é novo, mas se intensificou nos últimos anos. As denúncias apontam para a possibilidade de que as cercas estejam sendo colocadas sem autorização da Prefeitura ou dos órgãos competentes. Alterações nos limites de terrenos exigem verificação técnica e autorização oficial, o que muitos acreditam não ter ocorrido. Isso levanta suspeitas sobre o respeito às normas legais e a real delimitação das áreas.
A comunidade cobra uma resposta imediata das autoridades. Os moradores pedem que a Prefeitura de Porto Seguro, por meio da Secretaria de Obras, e o Ministério Público investiguem a legalidade das ocupações, analisando se os documentos de posse estão em conformidade com a lei e se há permissão para as alterações.
Eles defendem ainda o reforço da fiscalização, para evitar que erros sejam cometidos e apenas depois tentem ser corrigidos — o que acaba prejudicando toda a população. Outro ponto levantado é a necessidade de melhorias na mobilidade urbana, considerada insuficiente para garantir o direito de ir e vir e a circulação adequada de pedestres nas calçadas da cidade.
