Por Roberto Nogueira – Coluna Cara a Cara
Trancoso, um dos destinos mais visitados e admirados do Brasil, mais uma vez se vê exposto ao ridículo por decisões tomadas sem critério, sem sensibilidade e sem o mínimo respeito pela comunidade. O episódio do boneco instalado na Praça da Independência é apenas mais um retrato de como parte da administração pública insiste em ignorar o sentimento e a dignidade do povo.
É inadmissível que, em pleno século XXI, escolhas tão equivocadas sejam feitas como se Trancoso fosse um laboratório para testes de mau gosto. A população já demonstrou claramente sua insatisfação — e até um vereador, em vídeo amplamente divulgado, transformou a situação em motivo de piada. Quando a própria classe política ridiculariza uma ação pública, é sinal de que algo está profundamente errado.
O mais grave é que esse material foi adquirido com dinheiro público.
Em um cenário em que faltam investimentos em infraestrutura, saúde, segurança e serviços básicos, gastar recursos com algo sem valor estético, cultural ou simbólico é um desrespeito imperdoável.
Mas não se trata apenas do boneco.
Trata-se de um padrão preocupante: a falta de cuidado, a falta de critério e a ausência de responsabilidade com o que pertence ao povo.
E aqui é preciso lembrar: por mais que o prefeito Jânio seja o chefe do Executivo e responsável por tudo que acontece, ele não consegue ver tudo sozinho. É para isso que existem secretários, administradores, coordenadores e vereadores. E é justamente aí que aparece a falha mais gritante: falta gestão, falta zelo e falta respeito pela comunidade.
É urgente que essa decoração seja retirada.
Ela não representa o Natal, não valoriza Trancoso e não condiz com a beleza, a história e a cultura local. Pelo contrário: expõe o povoado ao ridículo diante dos milhares de visitantes que chegam com a alta temporada.
Trancoso merece muito mais do que improvisos e decisões sem fundamento.
Merece planejamento, cuidado, bom senso e, acima de tudo, respeito.
Que este episódio sirva como alerta:
a comunidade está atenta, vigilante e cansada de ser tratada como coadjuvante em decisões que deveriam ser tomadas com participação e responsabilidade.
Trancoso é grande demais para ser reduzido a símbolos de mau gosto.
