Por Roberto Nogueira – Coluna Cara a Cara
Nos bastidores da política local, o que se comenta sem rodeios é a existência de uma guerra interna envolvendo a secretária Alessandra Quaresma e um grupo político ligado ao vereador Saulo. O que deveria ser uma relação institucional minimamente harmônica transformou-se em um embate de vaidades, disputas de espaço e jogos de poder que em nada contribuem para a população de Trancoso.
Enquanto interesses pessoais se sobrepõem ao interesse público, a gestão patina e os problemas se acumulam. Falta união, sobra desentendimento. E quando agentes políticos optam pelo confronto, quem perde é o cidadão, que depende de serviços básicos funcionando e de decisões administrativas eficazes.
É preciso dizer o óbvio: vereador não foi eleito para administrar. Sua função é legislar e fiscalizar. Interferir diretamente na condução administrativa é desvio de papel e enfraquece a gestão. Do outro lado, secretários e gestores não podem agir como se estivessem blindados do diálogo institucional. Respeito entre os poderes não é favor, é obrigação.
O que se vê hoje é uma disputa mesquinha que paralisa ações, trava projetos e aprofunda o desgaste político. Essa “queda de braço” não constrói escola, não melhora a saúde, não aumenta a segurança e não resolve os problemas históricos de Trancoso. Pelo contrário: escancara a falta de maturidade política de quem deveria dar exemplo.
Caso o prefeito decida pela substituição da atual secretária de Administração, é fundamental que rompa com a lógica de indicações viciadas e acordos de bastidores. Nomear alguém com compromissos políticos escusos ou dependente de vereador é perpetuar o problema. Se optar por mantê-la, que assuma publicamente a decisão e garanta condições reais de trabalho, com autonomia e respaldo político.
Trancoso não pode continuar refém de vaidades, egos inflados e disputas internas. A população exige resultados, não desculpas. O tempo da política pequena já passou — ou pelo menos deveria ter passado. Quem não consegue colocar o interesse coletivo acima dos próprios projetos pessoais está, claramente, no lugar errado.
Ou os atores políticos amadurecem, se alinham e trabalham, ou continuarão sendo cobrados pela estagnação e pelo desgaste que eles mesmos provocam. Trancoso não precisa de fogo amigo. Precisa de responsabilidade, seriedade e compromisso com o futuro.
