Ministro Alexandre de Moraes
Por Roberto Nogueira – Coluna Cara a Cara
A recente suspensão da aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, pelo governo dos Estados Unidos, caiu como um balde de água fria sobre grande parte da direita brasileira. A decisão, atribuída ao presidente norte-americano Donald Trump, levantou uma pergunta simples, direta e incômoda: o que foi negociado nos bastidores?
Na política internacional, nada acontece por acaso. Muito menos quando se trata de uma sanção do porte da Lei Magnitsky, considerada uma das punições mais severas do sistema global. Trump pode ser polêmico, mas não é ingênuo. É um negociador frio, pragmático e focado em interesses. Portanto, acreditar que essa suspensão ocorreu por “boa vontade” é subestimar a realidade geopolítica.
A Lei Magnitsky não atinge apenas o indivíduo sancionado. Ela paralisa contas, impede operações bancárias, bloqueia cartões de crédito, restringe o uso de plataformas tecnológicas e cria um efeito dominó no sistema financeiro internacional. Caso fosse mantida, afetaria diretamente bancos brasileiros com negócios nos Estados Unidos, gerando um problema grave e imediato para a economia nacional.
Diante disso, a pergunta que precisa ser feita — e repetida — é: qual foi o preço pago pelo Brasil?
Estamos falando de terras raras? Da flexibilização ou abandono da regulação das big techs? Do compromisso de não avançar sobre o controle das redes sociais? De alinhamentos eleitorais disfarçados de “defesa da democracia”? Houve negociação envolvendo os condenados pelos atos de 8 de janeiro, inclusive o ex-presidente Jair Bolsonaro? O Brasil assumiu uma posição de neutralidade conveniente em conflitos internacionais, como um eventual embate entre Estados Unidos e Venezuela? Houve concessões nas relações com a China?
O presidente Lula gosta de discursar sobre soberania nacional, mas soberania não se mede por palavras, e sim por atos. E, nesse episódio, o silêncio do governo fala mais alto do que qualquer pronunciamento. Se concessões foram feitas para proteger um ministro do STF, estamos diante de um fato gravíssimo, que expõe não apenas a fragilidade institucional do país, mas também o grau de comprometimento político entre o Executivo e o Judiciário.
É público e notório o alinhamento entre Lula e Alexandre de Moraes. Não é exagero afirmar que houve pressa — muita pressa — para que essa sanção fosse suspensa. Se isso ocorreu à custa de interesses estratégicos do Brasil, a direita ganha uma arma política poderosa, e a esquerda passa a carregar um peso difícil de justificar perante a sociedade.
A política internacional não é feita de amizade, ideologia ou discursos inflamados. Ela é feita de interesses, concessões e trocas. E, muitas vezes, quem paga essa conta é o povo, que só descobre os termos do acordo quando já é tarde demais.
Por enquanto, resta observar, cobrar transparência e não aceitar narrativas prontas. Porque, como sempre acontece na política brasileira, o tempo revela aquilo que hoje tentam esconder.
Quem viver, verá
